Um corredor comprido branco conduz-nos até à escada que dá acesso às renovadas instalações da Adalberto Estampados. Durante o percurso, a frase “That Way Leads to Other Dimension” surge como um prenúncio do que iríamos encontrar.
Chegados ao coração da fábrica, somos envolvidos por um ambiente simultaneamente harmonioso e atarefado. Em contraste com o cinzentismo típico das unidades de produção, há luz, jardins verticais e zonas lounge neste vibrante open space de Santo Tirso.
Os diretores reúnem-se e recebem os clientes, lado a lado com o entusiasmo e a curiosidade das equipas comercial e criativa. Enquanto aguardamos por Jorge Machado, neto do fundador e atual CEO da empresa, assistimos à sinergia entre as várias pessoas que compõem esta equipa jovem e multifacetada. Distribuídos pelas dezenas de mesa cuidadosamente alinhadas, fundem ideias e conhecimentos com o objetivo comum de continuar a afirmar o know-how e criatividade da indústria nacional.
Fundada em 1969, pelo casal Noémia e Adalberto Pinto da Silva, esta empresa familiar nunca parou de crescer e de se reinventar. O modelo de negócio, que começou por abastecer apenas as confeções da região norte do país, depressa centrou o seu foco no mercado externo, ao qual destina, atualmente, cerca de 90% da produção. «Na Adalberto, acreditamos que o sector têxtil e de vestuário português tem fortes condições de sucesso, caso se consiga continuar a distinguir positivamente pela inovação do produto», afirma convictamente Jorge Machado. «Há ainda um estigma de que existem países cujo design é superior ao nosso, mas cada vez acredito menos nessa realidade», partilha o atual CEO, num discurso que reflete o seu entusiasmo e ambição em dar continuidade à «cultura de excelência e inovação incutida pelos sócios fundadores».
«O design engloba toda a conceção do produto, não só o padrão que estampamos», esclarece o jovem empresário. A Adalberto Estampados é uma empresa líder europeia em estamparia, mas proporciona soluções integradas, que vão desde o design têxtil aos serviços de logística de distribuição. «As empresas devem ser sistemas dinâmicos, onde todos os membros de cada departamento têm um papel importante e direto no alcance dos objetivos», considera. «Tentamos aproveitar sinergias entre equipas que bebem de fontes de inspiração distintas, e temos as condições técnicas e produtivas para executar novas ideias sem grandes limitações. Atualmente, temos relações comerciais com as principais marcas de moda do mundo, sejam elas focadas nas áreas de vestuário ou têxtil-lar, e somos vistos como criadores de tendências. É com enorme satisfação que vejo o portefólio de produtos desenvolvido pelas nossas equipas e o valor reconhecido no trabalho que temos efetuado», revela Jorge Machado, apontando Espanha, França, Itália, Alemanha e Reino Unido como principais mercados.
A Adalberto Estampados produz anualmente mais de 10 mil metros de tecido, para clientes como a Lacoste, a Max Mara, o Grupo Inditex, a Desigual, a River Woods, a Burberry ou a Disney. «A liberdade criativa, a capacidade produtiva e a qualidade de produto difícil de superar» são os fatores que, segundo Jorge Machado, justificam a preferência dos clientes internacionais pela indústria portuguesa.
Reforçando o investimento na evolução e inovação, no início do ano, a Adalberto Estampados investiu na aquisição da Pike, a máquina de impressão digital mais avançada do mundo. «Mais um passo no sentido de continuarmos a posicionar-nos na liderança europeia na área da estamparia», justifica. «Apesar de algumas linhas de produção funcionarem exclusivamente com fibras não naturais, mais de 95% dos produtos que produzem atualmente têm origem em fibras naturais, entre as quais, o algodão, o linho, a seda e a lã», acrescenta. Matérias-primas essas utilizadas na marca própria de têxteis-lar Gamanatura, «uma gama de produtos home que nos permitiu crescer ao ponto de sermos um dos principais distribuidores do sector na Península Ibérica», assegura, afirmando que «a ambição é continuar a crescer, nos mercados europeus e asiáticos, onde nos diferenciamos não só pelo design, mas por termos um produto manufaturado em Portugal».
Este tópico estende-se para a responsabilidade social. «Entristece-nos a imagem negativa que a sociedade tem do sector, muito promovida por desastres ecológicos e humanos essencialmente no sudeste asiático», diz Jorge Machado. «A nossa realidade, no entanto, é radicalmente diferente e, ao longo dos últimos anos, temos executado projetos que nos diferenciam positivamente, mesmo num contexto europeu», sublinha.
Como exemplos destas boas práticas, a Adalberto Estampados consome energia elétrica de origem renovável, possui uma central de tratamento de águas e promove a qualidade do ar através de filtros de partículas instalados em todas as condutas de exaustão. A nível social, a empresa tem a preocupação de incluir nas suas equipas jovens recém-formados, contrariando a elevada taxa de desemprego qualificado no país, assim como a promoção de uma formação contínua e da saúde e bem-estar de toda a equipa, independentemente do sector ou departamento.
«Somos aproximadamente 400 pessoas, das quais cerca de 200 são operadores diretamente afetos ao processo produtivo e os restantes têm funções comerciais, de criação ou de suporte ao bom funcionamento e melhoria da empresa», explica o CEO. Na nova comissão executiva da Adalberto, juntaram-se a Jorge Machado, Paulo Renato Ferreira (COO) e Vítor Cardoso (CFO).
Paulo Renato Ferreira entrou na Adalberto em 1986 e seguiu um longo percurso até assumir um cargo de chefia. «Nunca sonhei chegar a esta função ao longo destes anos. Sou a prova viva da possibilidade de evolução dentro de uma empresa como esta», afirma o responsável pelo planeamento das áreas comercial, criativa, produtiva e de desenvolvimento. A par do trabalho desenvolvido em parceria com grandes marcas internacionais, destaca o apoio a designers nacionais, dando como exemplo colaborações com Katty Xiomara, Luis Buchinho e Ana Salazar.
Ao contrário de Paulo Renato, Vítor Cardoso é um novo rosto na empresa, tendo assumido a função de CFO em fevereiro deste ano. No entanto, traz para a Adalberto 11 anos de experiência na área de gestão financeira. «Esta é a minha primeira experiência na área da moda», revela, explicando que aqui «a estratégia é criada com base nas necessidades do cliente» e que «com o mercado é cada vez mais rápido e exigente, a aposta é estar sempre à frente, sempre na vanguarda».
Os primeiros passos foram já dados, com a reestruturação do espaço de trabalho. «Procuramos criar um ambiente dinâmico e sereno, onde se possa simultaneamente receber os clientes, trabalhar e descontrair», assume o CFO. «O capital humano é fundamental para nós, por isso, as sugestões das pessoas que aqui trabalham foram o ponto de partida para esta mudança e, de facto, notámos rapidamente que as nossas equipas se sentem bem aqui, porque se soltaram e aproximaram. Essa abertura e partilha é muito importante para a criatividade e o sucesso», acredita.
Jorge Machado, que sucedeu ao seu pai no cargo de CEO após completar sua formação nas universidades de Stanford e Harvard, complementa as palavras dos restantes diretores: «o nosso planeamento anual contempla uma componente de investimento direcionado para a melhoria contínua e inovação produtiva, nomeadamente em áreas de inovação, criativa e formação do capital humano. São fatores que acreditamos ser chave na continuação do crescimento da empresa e do sector».
Acompanhando a tendência de crescimento das exportações da indústria têxtil portuguesa, a Adalberto Estampados assume como objetivo expandir a rede de colaboradores pelo globo e aumentar as vendas em 30% até 2020. «Os nossos objetivos de crescimento, embora ambiciosos, estão alinhados com a nossa política de investimento e suportados em algumas mudanças fundamentais no nosso modelo de negócio. Queremos criar um capítulo bonito na história da empresa e estes valores de crescimento alinham-se com a história que estamos a construir», conclui.
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