As mudanças na conjuntura e nos seus principais mercados – nomeadamente o ibérico – levaram a Paula Borges a reequacionar a estratégia. Sem abandonar a marca própria – que representa 30% da produção – a empresa familiar, com mais de 40 anos de história, está a apostar no saber-fazer para conquistar clientes de luxo no private label. «Estamos a crescer no private label, que nos está a dar sustentabilidade e outro tipo de conhecimento, para além de maiores benefícios financeiros. E essa vai ser a nossa aposta», explica Paulo Faria, diretor comercial da empresa.
Quantidades pequenas, com grande valor acrescentado, são os princípios que regem a oferta da empresa, que emprega 52 pessoas. «São produtos de elevadíssima qualidade, de gama muito alta», sublinha o diretor comercial. «Ao fazer isso, abrimos o leque de clientes que nos podem procurar, porque com este tipo de produto não se aprovisionam tanto a Ásia nem os países de Leste», refere.
E a julgar pelo rol atual de clientes, esta é já uma aposta ganha. «Trabalhamos com um bom leque de clientes internacionais. Estamos com um projeto interessantíssimo há um ano e meio com a Victoria Beckham, que tem vindo a crescer estrondosamente e tem sido uma belíssima surpresa – ela está contente com Portugal e nós também estamos felizes, porque está a crescer connosco. Temos ainda a Prada, Gucci, Max Mara, Alexander McQueen, Stella McCartney…», enumera.
«Estas casas procuram Portugal. O que nós temos é de ter arcaboiço humano para lhes responder. O segredo é resolver os problemas. Eles querem que lhes seja proposto tecidos, técnicas novas, conceitos diferentes e é isso que nós portugueses temos que chegue para oferecer», acredita Paulo Faria.
Esta capacidade de resposta tem permitido à Paula Borges ganhar novos clientes noutras latitudes, graças essencialmente ao “passa a palavra”, já que as feiras não fazem parte dos projetos. «Tem sido um percurso a solo. Às vezes, não menosprezando o trabalho que é feito por diversas entidades, acho que mais vale pôr os pés ao caminho e mais rapidamente chegamos lá. É a minha opinião. E temos tido algum sucesso nesse sentido», justifica.
Entre as novas apostas geográficas está o mercado sul-americano, nomeadamente a Colômbia, o México, o Chile e a Argentina. «Há também um contacto para o mercado asiático, o Japão, que acho que é um país interessante para o nosso nível de produto», acrescenta o diretor comercial.