As grandes marcas de luxo estão a assegurar o fornecimento de matérias-primas para os seus produtos, com a aquisição de empresas especialistas.
Das quintas de crocodilos aos campos de rosas, os fornecedores de matérias-primas de luxo tornaram-se alvos de aquisição para nomes como o LVMH ou o Kering (que detém a Gucci), numa altura em que procuram assegurar os ofícios e os ingredientes essenciais à sobrevivência das suas marcas.
«Estamos prontos a fazer os investimentos necessários quando o know-how ou as matérias-primas associadas com a qualidade dos nossos produtos estão ameaçados», afirmou, à Reuters, Guillaume de Seynes, diretor de produção e investimentos na Hermès.
Ilustrando esta forma de pensar, o LVMH pagou 2 mil milhões de euros por 80% da italiana Loro Piana, uma das principais produtoras de caxemira do mundo, que cria as suas próprias vicunhas. Os analistas antecipam que, com o tempo, a Loro Piana se focará somente em fornecer as marcas do grupo, como a Fendi e a Celine. Com um sobretudo da Loro Piana a exigir o pelo de 25 a 30 animais e a ter um preço de cerca de 14 mil euros no retalho em Milão, este é um recurso precioso.
A maior parte dos investimentos na cadeia de aprovisionamento rondam, em média, 20 a 50 milhões de euros. Em 2011, o LVMH gastou 60 milhões de euros para comprar a fornecedora de peças de relógio ArteCad e mais 47 milhões de euros por 51% da Heng Long, uma empresa especialista no tratamento de peles de crocodilo.
Já no mundo da cosmética, a Dior, a Chanel e a Hermès têm forjado parcerias exclusivas com produtores de plantas para garantir o aprovisionamento de matérias-primas. «A nossa preocupação é assegurar a continuidade da qualidade dos produtos que usamos e sermos capazes de os rastrear», afirmou Edouard Mauvais-Jarvis, diretor de comunicações científicas na Parfums Christian Dior.
A tendência de assegurar matérias-primas também se estende ao vestuário: a Chanel comprou a produtora escocesa de caxemira Barrie Knitwear no ano passado e também detém a empresa especialista em bordados Lesage e a especialista em penas Lemarié. A Christian Dior comprou a especialista em bordados Vermont também no ano passado.
Já a produtora de carteiras Hermès comprou a quinta de crocodilos Johnstone River na Austrália no início deste ano, para complementar a compra em 2012 da empresa francesa de curtumes Roux, enquanto o LVMH detém uma quinta de aligátores e duas quintas de crocodilo na Austrália.