A mais recente aposta do serviço de streaming Netflix é, também, a mais cara até à data. “The Crown” reconta a chegada ao trono de Isabel II de Inglaterra – então com apenas 25 anos – e o seu orçamento ronda os 100 milhões de dólares (aproximadamente 95 milhões de euros).
A primeira temporada da série, já com 10 episódios e disponível na Netflix desde o dia 4 de novembro, conta a história de Sua Majestade, a rainha Isabel II. Escrita por Peter Morgan, com créditos em filmes como “A Rainha” e “Frost/Nixon”, e com os primeiros episódios dirigidos por Stephen Daldry, de “O Leitor” e “As Horas”, “The Crown” promete falar sobre a realeza sem provocar sonolência nos espectadores.
Na primeira temporada assiste-se ao casamento de Isabel II, interpretada pela atriz britânica Claire Foy, com Filipe Mountbatten (interpretado por Matt Smith), e conhece-se o seu plano de vida como esposa de um oficial da marinha até ascender ao trono. Contudo, esse dia acaba por chegar mais cedo do que o esperado, com Isabel II coroada aos 25 anos. O seu pai, Jorge VI (interpretado por Jared Harris), morre de cancro e a vida que Isabel e Filipe haviam planeado deixa de ser uma possibilidade.
A par do elenco e guião, o sucesso – ou fracasso – de uma série de época que reconstrói personagens e cenários reais deve-se, também, ao figurino. Peter Morgan e Stephen Daldry não tiveram dúvidas na hora de recrutar a premiada Michele Clapton – que assina o figurino de todas as temporadas da aclamada série “Game of Thrones” – para tomar conta do guarda-roupa de “The Crown”.
Para retratar os anos de 1940 e 50 e reconstruir momentos vividos pela família real, a figurinista analisou milhares de fotografias e vídeos e estudou a estética e o comportamento da época, revendo revistas e anúncios, além de imergir no trabalho de designers como Christian Dior, Hardy Amies, especialista em moda masculina, e Norman Hartnell, que fez o vestido de noiva de Isabel II, em 1947.
Recriar o vestido de noiva da rainha foi, de resto, um dos momentos mais trabalhosos e dispendiosos de todo o processo. Seis bordadeiras contaram com a ajuda de estudantes de design de moda e trabalharam 10 horas por dia durante seis semanas. Nos momentos de maior agitação, o departamento de figurinos chegou a ter 100 pessoas a trabalhar em simultâneo.
«Para dar credibilidade à nossa interpretação dos momentos íntimos e privados, tivemos de fazer com maestria os momentos públicos, pois esses já foram documentados muitas vezes», afirmou Michele Clapton à revista Elle.
Outro look que se destaca na primeira temporada de “The Crown” é um vestido turquesa, usado com estola de pelo e uma tiara de diamantes, que a rainha usou numa noite de gala durante o festival de Edimburgo, em 1956. Já a roupa da coroação teve uma ajuda extra da Swarovski, que havia recriado uma réplica para uma exposição e emprestou o vestido à produção de “The Crown”.
Contudo, nem só de luxo vive a rainha. A série retrata também momentos do quotidiano, em que Isabel II usa o seu coordenado favorito: capa de chuva, lenço na cabeça e galochas, como já mostrou a atriz Helen Mirren no filme “A Rainha”.
A terceira parte da construção da personagem mostra a jovem rainha num período de mudanças históricas, políticas e culturais, num universo dominado por homens. Com vestidos “new look”, a rainha escondia o seu lado mais frágil e começava a mostrar uma nova Grã-Bretanha.
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