Depois de algumas semanas sem notícias por parte da casa de moda, chegou a confirmação: Maria Grazia Chiuri foi, na manhã da passada sexta-feira, apresentada como a nova diretora criativa da Dior, substituindo Raf Simons e cortando os laços de mais de 25 anos de parceria com Pierpaolo Piccioli, com quem a designer dividia a direção criativa da Valentino.
A cronologia da chegada de Maria Grazia Chiuri à Dior obriga a um curto recuo, quando, há cerca de duas semanas, a agência Reuters deixava cair o pano que há mais de oito meses tapava o rosto do sucessor de Raf Simons (ver Chiuri nos corredores da Dior).
Seguir-se-ia, entretanto, o desfile de alta-costura das casas de moda. Da Dior – ainda nas mãos de uma equipa de design interina, a 4 de julho – e da Valentino – então nas mãos da dupla criativa Chirui e Pierpaolo Piccioli, a 6 de julho.
Por fim, chegaram duas confirmações com o intervalo de horas: a saída de Maria Grazia Chiuri da Valentino e a confirmação da casa Dior sobre a entrada em cena da primeira diretora criativa da casa em 70 anos.
«Depois de 25 anos de parceria criativa e de satisfações profissionais, decidimos dar-nos a oportunidade de continuar os nossos caminhos artísticos de forma individual com o desejo recíproco de outras grandes realizações», declararam Chiuri e Piccioli num comunicado conjunto na quinta-feira, um dia depois do desfile de alta-costura da Valentino, em Paris.
Com pouco tempo para respirar entre anúncios, a comunidade moda soube então na sexta-feira que a casa francesa recebia de braços abertos a designer e que Piccioli iria passar a decidir a solo os destinos da Valentino.
«É muito visionária e direta, francamente, quando a conheci soube que era única», afirmou Sidney Toledano, CEO da Dior, numa entrevista ao portal The Business of Fashion, à luz da experiência de Chiuri não só na Valentino mas, também, na Fendi.
Nos corredores da Dior, Maria Grazia Chiuri vai apresentar o primeiro desfile em Paris, a 30 de setembro, com as propostas de primavera-verão 2017 da casa, assumindo a continuidade da história escrita por Christian Dior e que já foi reinterpretada por nomes como Yves Saint Laurent, Gianfranco Ferré e John Galliano.
A par do seu trabalho marcante com os acessórios – a dupla criativa da Valentino, que começou precisamente nessa secção dentro da casa italiana, ficará para sempre associada ao adorno “punk” Rockstud – Chiuri é conhecida pelo seu amor a criações primorosamente bordadas. Os seus vestidos de contos de fadas valeram-lhe um exército de fãs hollywoodesco, incluindo nomes como Gwyneth Paltrow, Anne Hathaway ou Keira Knightley.
Alguns insiders, no entanto, têm questionado o seu amor aos motivos medievais e apresentam os looks de Chiuri como “anti-sexy”.
Despedida com Shakespeare
No último desfile de Chiuri na Valentino houve um tributo a Shakespeare, 400 anos depois da morte do mais famoso dramaturgo do mundo.
Para o outono-inverno 2016/2017, as propostas de alta-costura da casa fundada por Valentino Garavani estavam repletas de referências isabelinas – entre mangas trabalhadas, rufos (golas circulares), ombros destacados e materiais como as rendas ou veludo, casacos masculinos, calças slim e, até, mantos.
A coleção da «dupla dinâmica», como é adjetivada pelos insiders, apostou alto nos contrastes entre feminino e masculino no mesmo design, tendo conquistado o público. «Foi inacreditável. Foi sexy, medieval, moderno. Adorei», resumiu a atriz Milla Jovovich em declarações à AFP.
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